Um dos casais atendidos se comunicava via email, embora casados, por que só se viam já muito tarde quando chegavam do trabalho e muitas insatisfações não eram faladas nem mesmo escritas. No momento da crise já trocavam várias páginas com ofensas e agressões. A terapia proporcionou a oportunidade de se conscientizarem das causas dos conflitos e de expressarem o que sentiam, liberando a raiva e depois, mais aliviados, expressarem o afeto que sentiam um pelo outro. Se entenderam.
Houve também o caso de um casal que não podia ter filhos e a mulher acusava o marido de indiferença por não se envolver emocionalmente na tentativa de engravidar, já que ela tentou todas as alternativas sem sucesso. O que o marido queria que ela entendesse era que ele a amava muito independente do filho e que não queria que ela corresse algum risco. Ele não era escutado. Ela não era entendida. Através da terapia isso ficou claro. O casal teve alta, porém ela permaneceu em terapia individual.
Algumas vezes a conclusão da terapia é que seria mais saudável uma separação em harmonia, do que permanecerem se violentando juntos. O psicólogo deve manter sempre uma posição de neutralidade, esclarecendo que cada um tem sua história, mas, não existe culpado ou inocente, o bom e o mau, o certo e o errado. O que precisa ser entendido é que os dois são responsáveis pela realidade que estão vivendo, portanto, também podem ser responsáveis pelas mudanças que virão. O relacionamento é mais do que a soma de dois, e na terapia o foco é a relação. E fica mais fácil quando é entendido que tudo depende da disposição de mudar e de assumir a responsabilidade pelos seus erros e acertos, conscientes de que a relação é um aprendizado constante.