Sentada, a sombra falou-me o que sentia...
Debrucei-me para acariciá-la e pude sentir seu cheiro de vida.
Ela contou-me de sua existência dependente.
Me fez sentir a necessidade da existência do outro, para que ela pudesse existir. Salientou-me a temporariedade de sua vida diante das coisas. Enfim, me fez sentir o muito que precisava para chegar a ser...
Sua sobrevivência era independente de sua vontade, não bastava querer, seu poder era desprezível diante do resto que se tornava todo frente a ela.
Transmitiu-me tudo embebida num doce que amenizava cada passagem. Ela mostrou-se conformada e feliz diante da vida que lhe aparecia a cada instante... Sua falta de luminosidade ela explicou-me fazendo sentir no opaco o clarear do muito... O muito que é intenso, o muito que não se apalpa, o muito que não respira... o muito que era ela na sua fragilidade.. Seria difícil, ou impossível, ela voltar à mesma a cada segundo que passava...
No balanço do vento, ela, a sombra...
Na existência do homem... a sua existência...
Na cruz de Cristo... a sua imagem...
Na manjedoura do Menino, ela se viu e se elevou junto a Ele.
Jesus nasceu...
Elevemo-nos com a Sombra que vem dele, que é Ele, e busquemos o amor...
O amor é invisível e como a sombra não existe só.
O amor é sombra do homem. Abre-te e na receptividade de tua consciência, coração, alma, busca esse amor que é Jesus Menino, busque esse amor que é sombra de Cristo.