Cara/coroa, dentro/fora, yin/yang, masculino/feminino. Opõem-se? Complementam-se? Certamente que esta dúvida só nos surge para o último desses pares. É, e as moedas falsas de duas caras ou de duas coroas? Você já respondeu, são falsas. Cara e coroa são apenas apelidos, o que temos de verdade é um lado e o outro lado, as faces de uma mesma moeda. Você já imaginou na possibilidade de se construir um objeto desses com apenas um lado? Divirta-se com a sua imaginação viajando através dessa maionese.
É possível um dentro sem um fora? Você poderá conhecer apenas um lado e não saber, talvez imaginar, como é o outro lado. Poderá até não ter essa curiosidade, mas, independente de seus pensamentos, o outro lado existe. Algo como quando passamos por casas, prédios e não sabemos, não vemos o que está lá dentro. Talvez, por isso, essa nossa vida seja tão exterior, tão superficial. Enxergamos o mundo e a nós mesmos, quase que o tempo todo por fora. Mesmo dentro, quando nos escritórios ou casas, ficamos diante e pouco abrimos os armários, as gavetas, a não ser rapidamente ou quando, desesperadamente, procuramos alguma coisa perdida. Em se tratando de NÓS a coisa é drástica, conhecemo-nos muito por fora, com relação ao interior... Cirurgiões são exceções quando vivem abrindo seus clientes com seus bisturis ou examinando-os internamente através de seus inúmeros aparelhos, mas, mesmo eles, pouco vêem. Seu enxergar se restringe ao lado físico. O interno, as emoções, sentimentos... Poucos desses cirurgiões pensam, sabem disso... alguns (muitos?) fogem disso, fingem não saber disso, ignoram isso (e até fazem questão)...
Já imaginou alguém vivendo, só conhecendo, a parte interna? Somente na parte externa, física, há uma boa quantidade: os desabrigados, os sem teto. Nós, os outros, os abrigados, os com teto, convivemos com o interno, pouco, e com o externo, muito. Pois é, mas há bichinhos que nascem dentro de você, vivem o tempo todo em você e só encontram o fora quando, mortos, são excretados. Têm contato com o externo, mas, aí... estão mortos. Outros nem isso, mortos são absorvidos, transformados. Estes não sabem o que é o fora... de você!
Yin/yang. Você já ficou horas e horas diante desse símbolo? Experimente alguns minutos. Entre nele, faça parte dele. Sinta-o, seja o símbolo. É possível, então, perceber, a fundo, seu significado e estar pronto para a totalidade, ser, simultaneamente, a cara e a coroa, o dentro e o fora e não somente a cara, somente a coroa, somente o dentro, somente o fora. A totalidade. O tudo e o nada. Acho que vou parar aqui, essa maionese está densa por demais.
Sobraram eles, não é mesmo? O masculino e o feminino. Externos, superficiais. Um que somos nós, um outro que se nos opõe. Que nos completa? Aquele, outro, que amamos, que odiamos, com quem brigamos. Que nos submete, a quem nos submetemos. Que nos faz rir, nos faz chorar, com quem rimos, com quem choramos. Que nos agride, que agredimos, maltratamos, machucamos. Que nos abandona, que abandonamos. Que nos faz viver, que nos faz desistir de viver. Que se opõe a nós, a quem nós nos opomos, mas que seria muito bom com quem compormos, nos compormos e até, em certos momentos, nos decompormos. Que maionese! Não sei você, eu viajei demais.
A salada só não (me) ficou muito colesteroliquêmica e engordativa porque usei maionese de soja! Retiro-me a seguir com um convite. Não, não é para a salada, é para uma palestra. Se você estiver pelo Rio e pela Ilha do Governador, no próximo dia 9 (março/2005) estarei com a Sandra na ACM fazendo uma palestra sobre o masculino e feminino (ou será uma salada?). Apareça! Começa as 17:00 horas. É só avisar na portaria que você vai para a palestra. Se preferir deixar o nome para que não hajam dúvidas é só emeilar-nos.