Tempos de Colegio (1)

Quando a gente se apaixona por um colégio, não importa que sua história, depois que a gente o deixa, fique obscurecida por administrações incompetentes ou por ações de indivíduos de mau caráter.A paixão que permanece nos faz pensar que esses momentos são passageiros e que instituições, resultado da ação de seres humanos, como a vida destes, têm bons e maus momentos.

Essa paixão produz, também, movimentos de seus apaixonados no sentido de reaver e reconduzir a história desses colégios, possibilitando-lhes despertar novas paixões e acalentar as antigas. Assim aconteceu com instituições de projeção nacional como o Pedro II e o Colégio Militar. Assim aconteceu com o nosso Mendes de Moraes, um colégio de âmbito regional, mais especificamente circunscrito à Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, e bairros próximos além da ponte. Naqueles, de projeção nacional, a idéia, combatida e não concretizada, foi a de seu fechamento ou pelo menos redução de algumas unidades. Em nosso colégio regional a coisa virou caso de polícia, pois ele foi envolvido em falcatruas de venda e falsificação de diplomas. Felizmente a fraude foi descoberta, os responsáveis afastados e hoje só (só?) temos mesmo o desleixo tão comum com que os últimos governantes vêm tratando o nosso estado. Relaxam de um lado, em especial com a educação, pois ela é capaz de criar a capacidade crítica em nossa sociedade e, conseqüentemente, bani-los da política. Por outro, transferem parte dessa verba sonegada à educação para ações demagógicas que a falta desta consciência crítica não consegue enxergar, e outra parte para outros fins o que, volta e meia, a mídia denuncia.

Superar essa questão estadual, pelo menos a curto prazo, possivelmente seja mais complicada do que resolver pequenas questões como o desmazelo por que passa nosso Mendes de Moraes. Podemos, por exemplo, lembrar de ações como as que fizemos naqueles bons tempos em que ocorria o crescimento de nossa paixão por nosso colégio. Naquele tempo em que éramos apenas adolescentes, mas tínhamos competência para tratar daquilo que amávamos, o Mendes de Moraes. Lógico que tivemos apoio da Diretoria e de nossos professores que viam encantados a nossa ação. E, assim, pintamos paredes, consertamos carteiras, com o nosso próprio trabalho, com nosso dinheiro mesmo, com a contribuição financeira de comerciantes aos quais conseguimos convencer, com fundos angariados nos arrasta-pés que promovíamos na Aliança Francesa e em outros locais que nos eram cedidos ou arrendados. Era a alegria do profundo amor por aquele prédio e por aqueles professores que partilhavam conosco uma boa parte nossos dias. E era com muita alegria e prazer que aconteciam as reinaugurações das salas, com direito a discurso de nosso Diretor e de nossos representantes de turma.

Podemos não apenas lembrar, mas agir. Adultos, deixamos de ter a mesma competência adolescente? Ou nos esconderemos atrás de nossa eterna desculpa da falta de tempo? A minha paixão me faz pensar e convidar você, lembrando que naqueles ¨bons tempos¨ não agíamos sozinhos. Era tão fácil fazermos, não é mesmo?

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MOACYR WALDECK é ex-aluno do Colegio Estadual Prefeito Mendes de Moraes (1957: 2º gin/1960:1ºcient)- mowaldeck@yahoo.com.br (veja mais)

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