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O uso e o abuso da hipnose

Um jornal carioca de grande circulação, publicou, tempos atrás, reportagem de duas páginas em edição de domingo, com um conhecido hipnotizador. Dentre as aplicações da hipnose, uma, em especial, despertou-me mais a atenção: a possibilidade de, em quatro sessões, através de regressão de memória aos anos da juventude, ter os seios com a mesma rigidez, textura e tonicidade daquela época. Confesso que, minha primeira reação, após o espanto foi a de imaginar quantos bisturis, naquele momento estariam se aposentando. Seria a descoberta da Fonte da Juventude que Ponce de Leon perseguiu ao longo de toda sua existência. A reportagem, apregoava, também, com prazos estabelecidos, a cura de uma infinidade de patologias.

Na ocasião, expressei minha indignação ao editor do referido jornal, aos Conselhos Regionais de Psicologia, de Medicina, à Sociedade de Hipnose da qual sou membro. Daí, a constatação: a responsabilidade pela publicação cabe ao jornal, a falta de compromisso ético e profissional ao hipnotizador, a de omissão aos Conselhos. E, acrescento, não só a eles, mas, também, à sociedade que, de forma geral, utiliza seus direitos de cidadania apenas quando lhe convém.

Alguns poderiam até dizer que ninguém acreditaria em tal "façanha", mas a realidade é outra: muitos acreditam, sim, e pagam caro (pecuniária e emocionalmente) pelo embuste. E, não apenas esses, pagamos todos. Na medida em que uma possibilidade terapêutica séria e eficaz (a utilização da hipnose com esse foco) é colocada no mesmo prato da balança com o charlatanismo, lógico que cause objeções, restrições e descrédito. É um retrocesso na história da hipnose que, atualmente, vem conquistando, merecidamente, reconhecimento e respeito.

Esse é o nosso primeiro artigo que, esperamos seja o início de uma seqüência semanal. Um alerta e uma proposta séria. A hipnose, é um dos sentidos que fomos perdendo ao longo da evolução, assim como o olfato. Nada tem de espetacular, místico ou mágico. O hipnotizador é, simplesmente, um facilitador no processo de reconquista desse sentido. Questione, avalie, não acredite em curas fantásticas, é direito seu. Quando conduzida por profissionais éticos e comprometidos, a hipnose oferece infinitas possibilidades em diversas aplicações, não apenas nas psicoterapias, também nos processos de aprendizado, na qualidade de vida, na educação etc. Colaborações e críticas são bem-vindas. Serão referências que nos darão orientação para tornar cada vez mais explicativa e interativa essa nossa página.

Luiz Anônio Perilo é psicoterapeuta, professor, hipnólogo, especializado em terapia cognitivo-comportamental, membro da Sociedade de Hipnose Médica do Rio de Janeiro. Além da clínica, coordena grupos terapêuticos dirigidos a problemas e situações específicas, tais como obesidade, gestantes, drogadictos, dificuldades sexuais, etc. Também atua em Empresas, na área de Treinamento e Desenvolvimento, promovendo cursos e palestras, mais especìficamente ligados aos processos de criatividade, formação de equipes, relacionamento intra e interpessoal. Rio de Janeiro/RJ (21) 3878-5183. Publicado no site http://www.hipnosis.com.br em 11/04/2003 dando início à seção Artigos da Semana.

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