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Hipnose em Odontologia

A hipnose é uma excelente ferramenta terapêutica na clínica odontológica. É comumente chamado de HIPNODONTIA, termo criado por Burgem em 1928, que, embora errado, pois não se hipnotiza o dente, permanece sendo usado por questões históricas.

Em 1836, J. V. Oudet fez a primeira extração dentária sob hipnose sem anestesia química. Desta época aos dias atuais foi grande o avanço em técnicas e possibilidades do uso da hipnose na Odontologia.

Dado sua diversidade, a escolha da técnica adequada para diminuição da tensão e da dor nos tratamentos dependerá do hipnotizador e do paciente. Este necessariamente participará do processo de escolha e a permitirá baseado em princípios e conceitos estabelecidos previamente (no Rapport).

Diferentemente dos consultórios médicos e psicológicos, no odontológico encontramos a auxiliar. A percepção de sua presença poderá significar quebra do rapport, superficialização ou dificuldade da entrada do transe numa outra oportunidade. No momento da indução, normalmente, a auxiliar não está na sala.

A indução hipnótica para o tratamento dentário poderá ser realizada por outros profissionais hipnoterapeutas. No consultório do profissional hipnotizador, o paciente poderá ser "preparado" recebendo um signo-sinal que será utilizado pelo cirurgião dentista. É mais recomendável, entretanto, pelas sutilezas necessárias do tratamento, que o cirurgião dentista realize o processo hipnótico, favorecendo uma perfeita integração entre ele e o paciente.

A hipnose na clínica odontológica é usada em pacientes com história de receios, medos ou fobias, mas pode ser proposta a qualquer paciente que a aceite como coadjuvante de seu tratamento para um relaxamento durante os procedimentos técnicos muitas vezes desagradáveis.

As principais vantagens no uso da hipnose são:

• Anestesia localizada e seu desaparecimento logo após o tratamento, não tendo o paciente que permanecer com os incômodos por ela provocados. Na conjugação com a anestesia química, a quantidade desta será tão diminuída que os incômodos pós-anestesia serão também mínimos.
• Controle salivar e controle do sangramento; analgesia pós-operatória; recuperação pós-operatória extremamente facilitada e rápida; eliminação e/ou não produção de cansaço ao paciente; redução de tensões do cirurgião dentista.

As indicações da hipnose em Odontologia são:

• Condicionamentos: na aceitação ao tratamento odontológico; na adaptação a próteses; adaptação a aparelhos ortodônticos; facilitar o ensino de hábitos higiênicos; facilitar a eliminação de hábitos viciosos.
• Remoção de fobias ligadas ao tratamento odontológico; relaxamento geral
Relaxamento específico: da língua; da musculatura envolvida para: tratamento de trismos, tratamento de luxação das articulações temporo-mandibulares, obtenção de relação maxilo-mandibulares, manutenção de abertura bucal sem cansaço
• Catalepsia mandibular; surdez; analgesia; anestesia superficial ou profunda; sialostasia; hemostasia.

Durante o processo hipnótico em odontologia devemos estar atentos para alguns fenômenos espontâneos que ocorrem e que tem um interesse mais específico para nossa área, como por exemplo: modificação do fluxo salivar; queda da temperatura corporal (durante a hipnose em geral ocorre uma diminuição da temperatura corporal por volta de 1,5 a 2ºC, por isso deveremos estar vigilantes para a necessidade de controlarmos ou normalizarmos a temperatura do paciente, desligando o ar condicionado, oferecendo-lhe algo para se agasalhar ou dissociando-o de maneira que se sinta em um local de temperatura mais agradável como, por exemplo, uma praia, um campo ensolarado ou outra situação que tenha ficado definida no rapport; extremo relaxamento muscular dificultando a catalepsia bucal etc.

Um fato interessante que se observa em pacientes fóbicos específicos aos tratamentos odontológicos é que, após alguma sessões sob hipnose, eles já começam a aceitar o tratamento sem o uso da hipnose, pois aprendem um novo padrão de respostas aos estímulos do tratamento odontológico.

Os pacientes que se submetem ao tratamento odontológico sob hipnose podem chegar ao consultório através da indicação de: hipnoterapeutas, cirurgiões dentistas e amigos. Neste caso o índice de aceitação ao tratamento e ao profissional (rapport indireto) é muito alto, contribuindo assim para o aprimoramento do rapport, que é de fundamental importância. Aqueles que chegam para se tratar de maneira tradicional e que, para os quais, notamos a necessidade do uso da hipnose, sua aceitação vai depender da abordagem usada para sua aceitação. É importante conhecer todos os tipos de crenças envolvidas e fazer o esclarecimento a respeito de forma adequada e ética.

ELENIRA DE SOUZA DOMICIANO é cirurgiã dentista com formação em Hipnose pela SOHIMERJ onde ocupou os cargos de professora do curso de formação e vice-presidente, é pós graduada em psicologia Jungiana pelo IBMR, realiza cursos e palestras sobre a aplicação da hipnose na odontologia. Rio de Janeiro/RJ (21) 2256-5323

* Texto adaptado de capítulo do livro Hipnose no Terceiro Milênio, de Fernando Rabelo, que se encontra nas livrarias e na SOHIMERJ http://www.sohimerj.com.br

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